Defesas

A partir de Agosto de 2024, as bancas serão publicadas no Portal do PPGSC no SIGAA UESPI


Data: 16/11/2023

Texto Dissertativo: FÉ E PROFECIA NO CRUZAMENTO DA FOGUEIRA DE XANGÔ: Fogo, Magia e Justiça em Custaneira/Tronco

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Luciano Silva Figueiredo (PPGSC/UESPI – Orientador/a)                                                                                                                                                                                                

Profa. Dra. Maria da Vitória Barbosa Lima (PPGSC/UESPI – membro interno)                                                                                                                                                                          

Profa. Dra. Marlise Amália Reinehr Dal Forno (PGDREDES /UFRGS – membro externo)

RESUMO: O presente estudo tem por escopo discorrer acerca da etnicidade quilombola e das (inter)relações desenvolvidas no contexto do território da Comunidade Quilombola Custameira/Tronco, situada no município de Paquetá – PI, buscando-se compreender a influência da ancestralidade quilombola sobre as práticas religiosas desenvolvidas na Comunidade, bem como o efeito desses aspectos sobre a atratividade que as Casas de Terreiro da Comunidade têm sobre pessoas externas a ela, perfilhando, ainda, diálogos acerca da identidade nacional brasileira sob prisma da religiosidade umbandista, a qual buscou-se apresentar como importante face do patrimônio cultural construído no Brasil a partir do século XIX, inobstante seja atualmente relegada à condição de inferioridade, mormente por ostentar em seus fundamentos práticas relacionadas às etnias afro-indígenas que, de maneira inconteste, contribuíram substancialmente no processo de construção identitária da sociedade brasileira e foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica e documental em livros, dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos publicados em revistas com temáticas afins. Além disso, foi realizada pesquisa de campo por intermédio de abordagem etnográfica com emprego de diário de campo, gravador e entrevistas semi-estruturadas e não estruturadas, objetivando perfilhar os traços de etnicidade presentes na comunidade e as formas como ela se apresenta interna e externamente ao território. Assim, para a consolidação do estudo ora pretendido, lançamos mão de premissas metodológicas que possibilitaram compreender as dinâmicas das relações socioculturais e religiosas em Custaneira/Tronco. Inicialmente foi realizado levantamento bibliográfico, visando construir diálogos em torno das categorias elencadas para, assim, associá-las ao cotidiano de Custaneira/Tronco. Em vista disso, lançamos mão da realização de abordagem etnográfica por meio da observação participante, assim, nos valemos de anotações feitas em diário de campo, com a realização de entrevistas não-estruturadas resguardadas pela utilização de gravador e, ainda, trazemos o método da fotoetnografia para dar conta de demonstrar alguns aspectos culturais e geográficos da Comunidade, mormente no momento de realização da pesquisa, para além do dito e não-dito. Concluiu-se que, se por um lado, a força da identidade cultural de Custaneira/Tronco atrai milhares de pessoas para a Comunidade, é a forma de condução trabalhada por Pai Naldo que as fazem atrair para o terreiro e, em muitas das vezes, optar por lá permanecer, seja como consulentes ou como filhos de Santo. Aqui, valoriza-se o saber ancestral e forma anti-conflituosa de resolver asdemandas e celeumas que eventualmente surgem dentro das Casas de Terreiro chefiadas por Naldinho ou, ainda, aquelas vivenciadas fora do contexto do terreiro. Inferimos, por fim, que é no acolhimento que Custaneira/Tronco se fortalece cada vez mais enquanto Comunidade e, com isso, passa a receber os olhares de pessoas das mais diversas realidades para as práticas religiosas e culturais que ali são desenvolvidas.

Palavras-chave: Comunidades quilombolas; Umbanda; Candomblé; Intolerância Religiosa.

Data: 11/12/2023

Texto Dissertativo: ELES CONTINUAM ENTRE NÓS: REVERBERAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA CAPATAZIA COLONIAL E VIOLÊNCIA NO CAMPO BRASILEIRO

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Bruno Mello Souza (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Cristiana Costa da Rocha (PPGSC/UESPI – membro interno)

Prof. Dr. Airton dos Reis Pereira (UEPA – membro externo)

RESUMO: A presente dissertação objetiva analisar as reverberações contemporâneas da capatazia colonial, especialmente na formação do Estado brasileiro e na construção da identidade do próprio brasileiro. Partimos do pressuposto de que a figura do feitor dos primórdios da colonização brasileira ofereceu as bases para a construção de um Estado e de uma sociedade matizada pela violência e pela tutela do latifúndio agroexportador. Se no passado colonial, o feitor se esmerava na busca pela maximização da produção agrícola e na repressão de condutas opositoras, principalmente advindas da população camponesa negra e escravizada que compunha o contingente de mão de obra daquele sistema de produção, no presente, avocando as atribuições sociais do feitor, a sociedade e, principalmente, o Estado, se responsabilizam para exercer a mesma função daquele. Como resultado da análise, constatamos que a principal reverberação contemporânea da capatazia colonial é manifestada no campo brasileiro sob a forma de violência, uma tônica que perpassa relações de poder e mantêm ciclos de privilégios para elites agrárias e de violações de Direitos Humanos para grupos rurais vulneráveis. Nesse tópico, o presente trabalho espraia-se na análise da violência armada, compilando informações sobre os conflitos rurais com resultado morte ao longo de 2012 a 2021, o que possibilita a constatação de que, dentro deste lapso temporal, seis estados brasileiros (dos quais cinco integram a Amazônia Legal) respondem por praticamente 80% dos homicídios em conflitos no campo. Este dado, concatenado com uma análise da vetorização do desmatamento nos mesmo seis estados, possibilita o raciocínio de que o mesmo agronegócio que desmata a Amazônia Legal é também o principal responsável pelo manejo da violência armada no campo brasileiro.

Palavras-chave: Capatazia colonial; Estado-feitor; Violência no campo; Violência armada; Violência simbólica.

Data: 31/01/2024

Texto Dissertativo: OS VENTOS QUE SOPRAM NA SERRA DO INÁCIO – PIAUÍ: Quando os invisíveis têm direitos?

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Maria da Vitória Barbosa Lima (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Ana Cristina Meneses de Sousa (PPGSC/UESPI – membro interno)

Prof. Dr. André Augusto Salvador Bezerra (USP – membro externo)  

RESUMO: Este trabalho desenvolveu pesquisa empírica, de orientação participante e interdisciplinar, insculpido no marco teórico do pensamento crítico dos direitos humanos e das teorias descoloniais, e objetivou a sistematização de uma atuação contracolonialista a ser articulada pelas Defensorias Públicas. Partiu de estudo de casos, após atendimento à população da Serra do Inácio – Piauí, que foi profundamente afetada pela instalação de parques eólicos a partir de 2016. O estudo demonstrou que o incentivo do Estado à instalação das usinas de energia eólica desconsiderou os seus impactos nefastos, entre eles o silenciamento da população local. A pesquisa qualitativa apontou que famílias inteiras viviam sem documentos pessoais, sem acesso a políticas públicas ou qualquer amparo social. Revelou que os moradores, que já viviam em situação de vulnerabilidade, foram invisibilizados pelas práticas colonialistas de incentivo ao capital. A existência dos textos normativos com garantias de direitos era insuficiente para a superação da desigualdade social acentuada pelas decisões políticas adotadas na região. A proposta da presente pesquisa pauta a invisibilidade dos povos considerados subalternos pela própria estrutura do Estado e da organização institucional que sustenta em suas condutas a colonialidade do poder, legitimando dinâmicas econômicas do eixo Sudeste-Sul, onde se fortaleceram e se consolidaram os grandes centros industriais do País, em detrimento das demais macrorregiões, que foram relegadas à periferia do sistema. O método da pesquisa-intervenção, que usa como arcabouço uma pesquisa qualitativa participativa, foi capaz de definir seu plano de atuação entre a produção de conhecimento e a transformação da realidade. Este enfoque metodológico participativo permitiu que o momento de intervenção também servisse à produção teórica, incluindo a própria instituição (Defensoria Pública) na análise. A abordagem se restringiu aos atendimentos realizados aos moradores dos municípios situados do lado piauiense da Serra do Inácio, Curral Novo do Piauí e Betânia do Piauí, entre os anos de 2019 a 2022. Também foram utilizadas informações e imagens publicadas em veículos de comunicação e por documentários. O desenvolvimento da dissertação perseguiu o objetivo de sistematizar uma atuação contracolonialista que pudesse verdadeiramente atender ao que determina a Constituição Federal de 1988, que desenhou em seu art.134 uma instituição com a missão de promover os direitos humanos. Esta instituição, umbilicalmente relacionada ao regime democrático, é a Defensoria Pública. O estudo também foi guiado pelas compreensões do Professor José Geraldo de Sousa Júnior e as reflexões da coleção O Direito achado na rua, por ele coordenada, que traz estudos críticos que pensam o Direito como emancipação e o compreende como criação do social, defendendo o pluralismo jurídico e a condição de insurgência. Após sistematização das práticas adotadas no acompanhamento dos casos da Serra do Inácio, o trabalho analisou 03 eixos de atuação que marcaram uma postura manifestamente contracolonialista da Defensoria Pública, com propósitos emancipatórios do público atendido.

Palavras-chave: Serra do Inácio-Piauí. Colonialidade do poder. Vulnerabilidades. Invisibilidade Social. Direitos Humanos. Defensoria Pública. Missão contracolonialista.

Data: 07/03/2024

Texto Dissertativo: O DESAFIO DA POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NAS ESCOLAS DE ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA NO ESTADO DO PIAUÍ

Banca Examinadora: 

Profa. Dra. Lucineide Barros Medeiros (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Prof. Dr. Alcebiades Costa Filho (PPGSC/UESPI – membro interno)

Profa. Dra. Maria Dalva Rodrigues de Araújo Bogo ( UNEB – membro externo)

Profa. Dra. Marli Clementino Gonçalves (UFPI – membro externo)

RESUMO: A pesquisa teve como objetivo analisar os processos de desenvolvimento da Política de Educação do Campo em áreas de assentamento da reforma agrária no Piauí, acompanhadas pelo Movimento Sem Terra (MST). Parte da realidade que, a partir da segunda metade dos anos 1990, tem se intensificado no Brasil e no Piauí: o debate e outras construções em torno da política de Educação do Campo, com o protagonismo dos movimentos sociais do campo, aliando à defesa da educação pública, às lutas pela reforma agrária, promovendo, dentre outros resultados, a construção de nove escolas em nove áreas de assentamento no estado, no ano de 2007. Como consequência desse processo, além da criação de instâncias governamentais voltadas à formulação e ao acompanhamento da política, a exemplo da Coordenação de Educação do Campo, na Secretaria de Educação do Piauí em 2003, também foram aprovados marcos legais e normativos disciplinando a oferta e o atendimento. Dentre esses, as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, Resolução CNE/CEB n.o 1/2002 e Lei Estadual n.o 6.651/2015, que instituiu a política de Educação do Campo no Piauí. A pesquisa foi orientada pelo seguinte problema: como o processo de realização da política de Educação do Campo no Piauí repercute no desenvolvimento político e pedagógico da gestão das escolas do campo, considerando os princípios fundacionais da política de Educação do Campo? Nesse intento, foram delineados os seguintes objetivos específicos: a) situar as bases teóricas e normativas que fundamentam a Política de Educação do Campo no Piauí e no Brasil; b) analisar a relação entre os aspectos teóricos, institucionais e práticos na construção da Educação do Campo piauiense; c) levantar repercussões do processo de implementação da política de Educação do Campo nas escolas envolvidas na pesquisa. Na composição do quadro teórico, está pautada em Caldart (2003-2012); Franco (2003, 2008); Gramsci (1978,1989); Saviani (1992, 2005,2010, 2015); Oliveira (2002); Leite (2002); Paro (2002); Shiroma (2000); Mészáros (2005); Arelaro (2006-2012); Freitas (2012); Mainardes e Tello (2015, 2016) Frigotto (1995-2008); Molina (2004-2022), dentre outros. Na construção metodológica, adota a perspectiva do Materialismo Histórico-Dialético, articulada aos princípios da pesquisa participante, considerando a incidência direta do pesquisador no processo escolar em análise (Triviños, 2008; Minayo, 2010). A produção dos dados se dá no contexto de três escolas de áreas de assentamento da reforma agrária no Piauí, consideradas escolas do campo, conquistadas e acompanhadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma em 2004, e outras a partir do ano de 2007. A pesquisa utiliza as técnicas de pesquisa documental e entrevistas, envolvendo técnicos vinculados à Secretaria de Educação, às Gerências Regionais de Educação (GRES) e representantes das comunidades junto aos conselhos escolares. Conclui que a política de Educação do Campo no Piauí ainda não se realiza no chão da escola, apesar das orientações político-pedagógicas e operacionais contidas nos seus marcos normativos e dos esforços empreendidos nas escolas dos assentamentos acompanhadas pelo MST. Isso indica a morosidade, que precisa ser enfrentada, considerando que esses marcos existem desde o ano de 2002.

Palavras-chave: política pública de Educação do Campo; escola do campo; gestão na escola do campo.

Data: 14/03/2024

Texto Dissertativo: DANÇAS AFRO-BRASILEIRAS EM CENA: identidades corporais negras entre componentes de um grupo afro em Teresina/PI

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Robson Carlos da Silva (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Lucineide Barros Medeiros (PPGSC/UESPI – membro interno)

Profa. Dra. Marli Clementino Gonçalves (UFPI – membro externo)

RESUMO: A Dança Afro-brasileira é um poderoso sistema simbólico que engendra identidades negras frequentemente rejeitadas e minimizadas pelo racismo. Nessa perspectiva, ao considerar os corpos negros, reconheço sua capacidade como geradores de identidade através das práticas corporais, como a dança. Assim, este trabalho propõe uma reflexão sobre identidade, corpo e danças afro-brasileiras através dos processos de construção das identidades afrodescendentes de participantes de um grupo afro de Teresina/Piauí. A questão central deste trabalho é: o que as participantes de um grupo afro de Teresina/PI elaboram acerca da construção de suas identidades a partir da prática das danças afro-brasileiras cênicas? Tem como objetivo compreender, através das narrativas de praticantes de danças afro-brasileiras de Teresina/PI, sentidos de corporeidade e identidade negra, construídas a partir de elementos das danças afro-brasileiras cênicas. Como fenômeno da pesquisa, me agarro às identidades dos corpos negros que dançam. Estes corpos estão localizados no contexto de organizações popularmente conhecidos como “grupos afros”: organizações que trabalham com arte e cultura afro-brasileira, os quais proporcionam locais de formação importantes para a construção de uma crítica ao sistema racista que permeia nossas sociedades. Metodologicamente, utilizei a História oral e a análise de materiais pictóricos, como fotografias, desenhos e artes digitais, considerando estes métodos como pontos-chave para a análise das informações acessadas. Trabalhei com a perspectiva da trança como forma de interpretação de experiências performáticas individuais e coletivas, dimensão metafórica, subjetiva e pessoal, por meio da qual, acredito, melhor me aproximar do entendimento acerca do fluxo dos sentidos concedidos às experiências investigadas. Ao utilizar a simbologia da trança, trago que o percurso desta pesquisa está pautado numa concepção afrorreferenciada, na qual os signos e símbolos de culturas africanas e afrodiaspóricas fazem sentido e devem ser consideradas no ato de pesquisar os nossos saberes e fazeres. Para alimentar esta trança contextualizo corpo, identidade e dança afro-brasileira cênica utilizando de teóricos e teóricas, tais como Santos (2021), Passos (2022), Sabino e Lody (2013), Martins (1995; 2003; 2021), Tavares (2012), entre outros. Foram conduzidas entrevistas com três integrantes de um grupo afro que trabalha com dança afro-brasileira em Teresina/PI, com um foco específico no estudo das danças afro-brasileiras cênicas, inspiradas em tradições religiosas e culturais africanas e da diáspora negra no Brasil. Nesta trança as participantes elaboram uma construção de suas identidades a partir da prática das danças afro-brasileiras cênicas que se pauta pelo senso de pertencimento afro. A pesquisa se encaminhou na compreensão de que, sustentado nas narrativas e nos gestuais das colaboradoras da pesquisa, a dança afro-brasileira cênica é um dispositivo fundamental de preservação das subjetividades e entendimentos sobre a múltiplas possibilidades do corpo negro estar inscrito no mundo. Assim, vivemos a emergência de dançarmos nossas danças e contarmos nossas histórias, aprofundando o entendimento sobre uma anatomia e gestualidade que não desconsidera as relações com a natureza. Neste percurso evidenciou-se a importância e necessidade da construção e do reforço de sentidos de pertencimento e identidades culturais afrodescendentes, bem como de uma consciência crítica antirracista.

Palavras-chave: Corporeidade. Dança cênica. Movimento negro. Identificação. Trança.

Data: 30/04/2024

Texto Dissertativo: Literatura e identidade em questão: representações da criança negra em narrativas afro-brasileiras infanto-juvenis

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Assunção de Maria Sousa e Silva (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Lucineide Barros Medeiros (PPGS/UESPI – membro interno)  

Profa. Dra. Norma Suely Campos Ramos (UESPI)

Profa. Dra. Franciane Conceição da Silva (UFPB – membro externo)

RESUMO: Essa dissertação parte do propósito de unir as potencialidades da literatura afro-brasileira infantojuvenil e os estudos atrelados a uma educação decolonial e antirracista como ferramenta construtora de caminhos identitários e de saberes pertinentes a visões culturais e históricas sobre o povo negro, oportunizando o protagonismo, representatividade e auto-pertencimento das crianças e jovens negros. Direciona o entendimento de como o estudo dessas literaturas narram e conduzem os atravessamentos que permeiam as vivências dessas crianças e jovens negros diante dos desafios de afirmação de suas identidades, reconhecimento de suas origens, conforme a sua realidade e percepção individual e coletiva da sociedade. Como apoio teórico- crítico e via metodológica as ideias de autores como Karla Akotirene (2021), Patrícia Hill Collins (2021), Kabengele Munanga (2008), Eduardo de Assis Duarte (2013), Ngola Marques (2023), Mota Neto (2016) e Chimamanda Ngozi Adichie (2009) que, entre outros, possibilitaram refletir, analisar, conhecer e apresentar respostas e possibilidades para uma mudança social acerca das diversas intersecções de raça, classe e gênero, que desencadeia diversas avenidas de opressões contra crianças e jovens negras, principalmente em espaços escolares, apagando infâncias e causando graves impactos emocionais. Nesse sentido, apresentamos a trajetória da infância das crianças negras e sua relação com a literatura infantojuvenil afro-brasileira para compreender melhor a construção de sua identidade e auto-pertencimento. E Conduzimos uma reflexão acerca da importância do protagonismo negro através da leitura dos textos cujos elementos, personagens, temas, linguagens e representações imagéticas apontam marcadores de identidade desses sujeitos nas literaturas analisadas. Os textos infantojuvenis de autoria negra apresentados em categorias temáticas, contribuem com os estudos que buscam a valorização da história, cultura, ancestralidade, combate à discriminação racial e o racismo e outras formas de discriminações no contexto escolar, demarcando a leitura desses textos como ferramenta indispensável para acessar o universo de crianças e jovens. A condução qualitativa e analítica permitiu apresentar em um viés teórico-metodológico interdisciplinar, formas práticas de como os professores podem trabalhar em sala de aula, compreendendo os diversos temas que compõem essas literaturas e que contribuem diretamente para transformação dessa realidade.

Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; identidade; infantojuvenil; criança; escola.

Data: 08/05/2024

Texto Dissertativo: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: uma análise de teses e dissertações (2010-2020)

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Lucineide Barros Medeiros (PPGSC/UESPI – Orientadora)

Prof. Dr. Robson Carlos da Silva (PPGSC/UESPI – membro interno)

Profa. Dra. Rosana Evangelista da Cruz (UFPI – membro externo) 

Profa. Dra. Cacilda Rodrigues Cavalcanti (UFMA – membro externo)

RESUMO: A pesquisa para os povos do campo, além da produção sistemática e rigorosa do conhecimento da realidade, deve propiciar a qualificação da intervenção dos militantes, nos diferentes espaços de atuação, e contribuir para o avanço da superação dos desafios a serem enfrentados. Diante disso, a pesquisa desenvolvida no presente trabalho teve como objetivo geral analisar aspectos epistemológicos presentes em teses e dissertações sobre a política de Educação do Campo no Brasil (defendidas entre os anos de 2010 e 2020), situando-a a partir dos seus marcos de origem, contribuindo para o processo de sistematização do conhecimento em Educação do Campo. O conceito de epistemologia assumido está situado em contexto interdisciplinar, compreendendo a produção do conhecimento a partir das relações existentes entre a ciência e a sociedade, entre a ciência e as instituições científicas, e entre as diversas ciências. Adotaram-se os seguintes objetivos específicos: sistematizar as teses e dissertações sobre a política de Educação do Campo no Brasil defendidas entre 2010 e 2020; apreender os aspectos epistemológicos implicados nos trabalhos investigados; identificar a relação dos trabalhos analisados quanto à constituição originária da Educação do Campo. Para isso, foram analisados trabalhos de mestrado e doutorado defendidos entre 2010 e 2020, disponibilizados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). A pesquisa se caracteriza como sendo do tipo exploratória, bibliográfica e documental, assumindo uma abordagem qualitativa. Sobre as bases metodológicas que subsidiam o presente trabalho, elas são orientadas pela abordagem dialética para pesquisa, e reportam-se aos estudos de Estado do Conhecimento. A construção analítica tem como referência o esquema paradigmático proposto por Silvio Sanchéz Gamboa, que em síntese é uma proposta analítica da produção do conhecimento que não se limita ao estudo da forma ou dos níveis técnicos e metodológicos, mas abrange outros níveis, como o teórico, o qual, entre outras dimensões, contempla as pretensões críticas e o tipo de mudança proposta nas pesquisas analisadas. O esquema abrange ainda os pressupostos ontológicos e gnosiológicos que abordam a concepção de humano, educação, sociedade e realidade. Com isso, o presente trabalho pretende contribuir para a compreensão das características e dos contornos que a produção do conhecimento sobre a política de Educação do Campo vem assumindo nas últimas décadas no Brasil, tendo em vista a persistência dos processos de exclusão vivenciados pelos povos do campo e a necessidade de construção de um conhecimento alinhado com a busca pela superação dessa realidade. Identificou-se na produção analisada que as concepções originárias da EdoC são marcantes, especialmente ao destacar a Educação do Campo como uma abordagem crítica; os Movimentos Sociais como Protagonistas da Educação do Campo; a afirmação da tradição pedagógica emancipatória da educação e das escolas do campo; a construção de política pública articulada à luta de classes e à Pedagogia do Movimento. Contudo, há também fragilidades, principalmente no manejo do materialismo histórico-dialético, método utilizado na maior parte dos trabalhos.

Palavras-chave: Educação do Campo; Política Educacional; Produção do Conhecimento.

Data: 08/05/2024

Texto Dissertativo: Experiências Camponesas: mundos do trabalho e a industrialização do babaçu no Piauí (1940-1990)

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Antonio Alexandre Isidio Cardoso (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Cristiana Costa da Rocha (PPGSC/UESPI – membro interno)

Prof. Dr. Francisco Gleison Monteiro (UFPI – membro externo) 

RESUMO: A presente dissertação procura analisar as experiências camponesas, no que se refere aos mundos do trabalho, e a industrialização do babaçu no Piauí, entre as décadas de 1940 a 1990. Em tal período de análise, os deslocamentos das famílias camponesas estavam condicionados ao desejo por melhores condições de vida. Assim as experiências de migração foram construídas a partir das redes de contatos e sociabilidades na expectativa do trabalho na fábrica GECOSA (Indústrias Reunidas Gervásio Costa S/A). Como estratégia patronal, no povoado Novo Nilo (PI) havia a regra de interdição da construção de casas de alvenaria nas terras da fábrica, palco de inúmeras formas cotidianas de resistência dos camponeses, que viviam como moradores agregados. Tais resistências se manifestaram, por exemplo, através da venda da amêndoa do coco babaçu por fora da vigilância patronal, e da concomitância do trabalho nos roçados com o trabalho na fábrica. O cotidiano da fábrica foi marcado pela rotina exaustiva detrabalho dos camponeses-operários, que dominavam a linha de produção. Para a construção do presente estudo, foi utilizada a metodologia da História Oral, em diálogo frequente com aspectos teóricos da História Social do Trabalho focando na interdisciplinaridade, dialogando sobretudo com a Sociologia e a Antropologia. Entrevistamos vinte e três (23) homens e mulheres que vivenciaram momentos distintos no processo de industrialização da amêndoa do coco babaçu no Entre Rios piauiense. Utilizamos também fotos localizadas no acervo pessoal dos (as) entrevistados (as), fontes hemerográficas, documentos oficiais da GECOSA, dentre outros fragmentos do passado, com objetivo de analisar as experiências camponesas no mundo rural do Piauí, mais especificamente no povoado Novo Nilo (PI).

Palavras-chave: Mundo rural; Trabalho; Migração; Camponeses; Piauí; Babaçu.

Data: 23/05/2024

Texto Dissertativo: Desafios, tensões e conflitos etnico-raciais dos estudantes afrikanos na cidade da abolição/CE: Caso dos estudantes afrikanos no município de Redenção/CE

Banca Examidora:

Prof. Dr. José da Cruz Bispo de Miranda (PPGSC/UESPI – Orientador)

Prof. Dr. Gustavo de Andrade Durão (PPGSC/UESPI – membro interno).

Prof. Dr. Arilson Dos Santos Gomes (UNILAB – coorientador externo)

Profa. Dra. Artemiza Odila Candé Monteiro (UNILAB – membro externo) 

RESUMO: Objetivamos compreender quais questões contribuem positiva e negativamente no processo de territorialização dos estudantes afrikanos na cidade da abolição no Estado do Ceará, pois, foi na mesma onde foram libertos os primeiros descendentes de afrikanos escravizados. Como elemento secundário da pesquisa, discutir sobre a relação dos estudantes afrikanos com a cidade da abolição, tomando como base os desafios, as tensões e conflitos existentes no cotidiano destes estudantes. Este estudo também busca dialogar com as questões sobre identidades, etnicidades, afrikanidades, raça, nova diáspora afrikana, especificamente, os deslocamentos de estudantes Afrikanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) nas terras da abolição no Ceará, a fim de realizarem sua formação superior na universidade da Integração da Lusofonia Afrobrasileira (UNILAB). A metodologia qualitativa nos ajudara no alcance dos resultados e parcialmente observamos que o racismo e a xenofobia são as questões mais desafiantes destes estudantes.

Palavras-chave: afrikanidades, raça, identidades, migrações, conflitos, Unilab/CE.

Data: 31/05/2024

Texto Dissertativo: Além das correntes do cativeiro: um estudo sobre a representação negra no Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Ana Cristina Meneses de Sousa (PPGSC/UESPI – Orientador/a)

Profa. Dra. Maria da Vitória Barbosa Lima (PPGSC/UESPI – membro interno)

Profa. Dra. Cícera Patrícia Alcântara Bezerra (IPHAN/PI – membro externo) 

Prof. Dr. Túlio Henrique Pereira (URCA – membro externo)

RESUMO: O Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes (MUP) refere-se a um patrimônio histórico-cultural de grande valor para a população piauiense. É um espaço que se ancora na memória e permanece vivo através dela. Diante disso, entendo o Museu do Piauí como um dos principais espaços oficiais de preservação e conservação da memória histórica e cultural do Piauí. No entanto, dado ao contexto colonial/escravista no qual a sociedade brasileira foi erguida, as estruturas racistas que se configuraram enquanto base de nossa sociedade afetaram também os nossos lugares de memória. Dessa forma, quando tratamos das representações negras dentro do museu, é comum nos depararmos com dois dilemas fundamentais: o da ausência e do estereótipo. Constatamos que existe uma ausência de representações da história e cultura negra dentro desses espaços e, quando elas não são ausentes, são apresentadas de forma totalmente estereotipada e/ou reducionista, referenciando apenas o período do cativeiro. Dadas essas razões, pretendemos neste estudo ir além das discussões museológicas convencionais e, através de uma abordagem crítica, afrocentrada, interdisciplinar, decolonial, antirracista e anticapitalista, compreender como se configura a representação negra no Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes, sob a ótica das pessoas negras. Para isso, foram desenvolvidas discussões teóricas/conceituais acerca dos patrimônios culturais e dos lugares de memória. Através da perspectiva da sociologia do corpo, refletimos sobre o processo de “invenção” do corpo negro e a fixação desse corpo inventado na memória do cativeiro. Também é feita uma análise do acervo do Museu do Piauí, que busca referenciar a história e cultura afro-brasileira. Por último, apresentamos propostas de transformação para o cenário do Museu do Piauí, enfatizando a museologia decolonial como uma possibilidade para alcançar essa mudança. Concluímos que o Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes está enraizado na ideologia colonialista, restringindo a história e cultura afro-brasileira à narrativa e memória do cativeiro, enquanto falta a inclusão de representações positivas sobre a história, memória, cultura e corpos negros. O corpus da pesquisa foi desenvolvido através de entrevistas semiestruturadas com pessoas negras (pretas e pardas) que já experienciaram o Museu do Piauí. Como aporte teórico, contamos com as contribuições de: Nora (1993), Pantaleão (2006), Fanon (2008), Nascimento (2019), Lara (1988), entre outras/os.

Palavras-chave: museologia; lugar de memória; representação negra; museu decolonial; Museu do Piauí.